Na zona cachacal, área onde ficam os bairros mais perigosos em Barranquilla, na Colômbia, ver o rosto de alguém moído a socos ou carregar um punhal como amuleto da sorte é algo trivial, é como se ganha o “pão de cada dia”. Os mortos nas esquinas não fazem parte das narconovelas e as facas não são usadas, necessariamente, para podar as plantas daninhas.
“Aqui se recrutam jovens para a violência. Eu também os recruto, mas para o esporte”, conta Alex Teerã, de 47 anos, que há 12 tomou a iniciativa de transformar uma tubulação improvisada na Rua 33, no bairro San Roque, em um ginásio de boxe batizado de “Promesas de mi barrio”.
Desde então, as promessas foram cumpridas. Álex ‘el Principe’ Therán, campeão latino mediano da OMB (Organização Mundial de Boxe), registrou 18 vitórias, 11 por nocaute, e apenas 2 derrotas. Edgar Marriaga, ganhador de torneios nacionais e mundiais, é representante da Colômbia nos Jogos Olímpicos. E Paulina ‘Paquita’ Cardona continua tentando um título mundial.
A nova geração sonha entre golpes seguir os passos dos maiores. Treinam diariamente sob a orientação do ex-campeão nacional e panamericano Salomé Herrera, e também sob o lema escrito nas paredes “Hielo en la sangre, fuego en los puños”.